sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Som Imaginário

Um grupo mineiro, que fazia rock progressivo e acompanhava Milton Nascimento. Esse seria um resumo bem rápido e incompleto do Som Imaginário, banda que durou apenas três discos de altíssima qualidade e que deixou uma imensa marca na música brasileira. Apesar da pouca produção e tempo de vida, o Som Imaginário é um desses clássicos que poucos se lembram, mas muitos adoram.
A história da banda começou ainda na década de 60, no Rio de Janeiro, quando Wagner Tiso e Milton Nascimento integravam o grupo W Boys, já que quase todos os integrantes tinham a letra "W", no nome. Por causa disso, o então baixista Milton Nascimento virou Wilton Nascimento. Na luta da noite carioca, fizeram amizade com o baterista Robertinho Silva e o baixista Luiz Alves. Os três músicos resolveram que seriam banda de apoio de Milton, que já começava a carreira de cantor.

Em seguida, dois outros músicos foram incorporados, o guitarrista Frederyko e o percussionista Laudir de Oliveira, que pouco tempo ficou. Além dos dois, entraram também o organista Zé Rodrix e o guitarrista Tavito.

Juntos, estrearam o show "Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário", primeiro no Teatro Opinião e depois, no Teatro da Praia, ambos no Rio de Janeiro. Eles também tinham, ainda, as presenças de Nivaldo Ornelas, no sax e Toninho Horta, na guitarra. Foi mais ou menos essa época, que Laudir saiu, entrando em seu lugar - ainda que não de maneira fixa - um percussionista que ganharia fama mundial: Naná Vasconcelos. Quando o espetáculo foi para São Paulo (Teatro Gazeta), Naná não estava mais presente.
O grupo logo chama a atenção da gravadora Odeon, que assina com o grupo. Músicos inteligentes, talentosos e antenados, o Som Imaginário exige liberdade de criação dentro do estúdio, o que é aceito pela gravadora. Em 1970 lançam o primeiro LP, Som Imaginário.

O primeiro disco mostra um som pouco ouvido pelo Brasil. Com temas bem trabalhados, faixas maravilhosamente tocadas e um tema de Milton Nascimento - que ainda cantou, mesmo sem ser creditado, o primeiro LP mostrava uma banda com ouvidos atentos ao que vinha do exterior. A banda trazia alguns convidados, como o guitarrista mineiro Marco Antônio Araújo, na faixa "Nepal". Marco, inclusive, dividia um apartamento com Tavito e Zé Rodrix, chamado de "Família Matadouro", já que o local vivia lotado de garotas.
No ano seguinte, lançam o segundo LP, igualmente batizado Som Imaginário, e acompanham Gal Costa, em show do Teatro Opinião, com Naná, novamente, na percussão.

O segundo disco era igualmente brilhante, com Frederyko assumindo a liderança do grupo, que já não contava com Zé Rodrix, que saíra para formar o trio Sá, Rodrix e Guarabyra.
Participam do filme Nova estrela, em 1971, e também de um programa da TV Globo, Som Livre Exportação, além de vários shows alternativos pelo Brasil afora, sendo o mais famoso o Festival de Guarapari, que entraria para a história como o "Woodstock brasileiro".
Em 1973, lançam o último LP, o histórico Matança do Porco, instrumental, com quase todos os temas assinados por Wagner Tiso, além de participação de Milton.
Matança do Porco é considerado o disco mais progressivo da curta carreira da banda e o mais belo. A faixa-título havia sido escrita para o filme Os deuses e os mortos, de Ruy Guerra.
O grupo ainda participou do espetáculo "Milagre dos peixes", que resultaria em um álbum e pode ser considerado o último disco do Som.

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